MOZART na Selva

Quando você vê a figura do jovem Senhor ao lado, o que lhe vem à (a Novelha Reforma Ortográfica não encontrou passagem aqui em casa, diferentemente de Alain Delon, um calango que adotei como de estimação) Sim, mas voltando ao jovem Senhor ao lado, o que lhe vem em primeiro lugar à cabeça? Pintura? Tá frio. Música? Tá quente. Wolfgang? Tá mais quente. Amadeus? Quase torrando.Mozart? Valha-me Deus, sapecou de vez. Mas, cometo um pecado horroroso. Subestimo minha amável leitora, meu distinto leitor. Claro que tudo acima (com exceção do Alain Delon, que, pelo visto, quer passar de nível e virar Jim Morrison, pois vai já, já tornar-se um vistoso lagarto; e adivinhem o lugar onde ele resolveu homiziar-se? no box do meu banheiro. Agora, ou aproveito a chuva, pra tomar banho, ou tomo banho de cuia, mesmo, como quando eu era - força de expressão - pequena). Mas,divago. Como (quase) sempre. Voltando. Tudo acima foi uma facécia, uma brincadeirinha, uma travessura para convidá-los a (re)ingressar no Universo Mozarteano. E corro sério risco de chover no molhado, porque a esta altura, todos, bem mais antenados do que eu, já devem ter visto "Mozart in the Jungle", uma jóia escondida no Amazon Prime. Tinha no YouTube também, não sei se tiraram. Só sei que assisti, ri, ouvi, chorei, emocionei-me, e gostaria de recomendá-la a todos. Tem Mozart, tem Gael García-Bernal, tem Bernadette Peters (esta realmente trabalhou no "Hair", será que era a "Tigresa" do Caetano? E é com "s", mesmo, fui olhar no Aurélio, vejam só o que faço por vocês, até "levantamento de dicionário", modalidade olímpica bastante praticada aqui em casa), tem Malcolm McDowell (de "Laranja Mecânica"), tem Monica Bellucci, tem Yo-Yo Ma, tem Villa-Lobos, tem New York, tem Venezia, tem Tóquio, tem até Placido Domingo... Quero ver quem aguenta ver a cena em que a Sinfônica (tem Sinfônica, também, né?) toca a "Ouverture 1812" sem derramar uma furtiva lacrima; ou quando o Maestro leva sua Sinfônica para tocar na prisão, organizando uma orquestra infantil, Placido Domingo cantando no Grande Canal... Mozart também lembra a palavra harmonia. E há muita desarmonia a ser lindamente "concertada". Pertencer a uma Orquestra Sinfônica, merecer estar lá, exige dedicação, disciplina. E há um personagem completamente confuso e indisciplinado, mas genial, que aos poucos vai como que "decantando". A gente lembra até do episódio histórico em que um rei trancou todos os cardeais dentro de uma Catedral; dali eles não sairiam, enquanto não escolhessem um Papa; assunto pra outro post mais reflexivo. E ver, nestes "tempos de cólera" uma orquestra, ensemble, dá uma sensação de esperança. Além de tudo, sempre é bom lembrar que Mozart, um dos maiores gênios que a humanidade conheceu, era empregado. Comia na cozinha de seu "mecenas". Assim como todos os músicos da Sinfônica (com exceção dos Maestros; vejam a reação que um deles (o "velho" ou o "novo") terá, ao saber da situação em que seus músicos, suas estrelas, e toda a criadagem estava enfrentando na casa de uma "patronesse". Muita coisa evoluiu. Mas parece mesmo que "as coisas precisam mudar, para que tudo permaneça o mesmo". Não há nada de errado em comer na cozinha, no quarto, no escritório, na sala... O chato é ser obrigado a conformar-se com tal situação.

"Mozart in the Jungle" é baseada no livro de mesmo título, escrito por Blair Tindall. Que relata sua própria experiência no palco e nos bastidores de uma grande Orquestra de Nova York.

(Eu não sei se a razão por que Mozart não terminou o Requiem é mesmo aquela da série, mas vou pesquisar e digo pra vocês depois, tá?)

E, last but not least, a série tem o dedo de um certo Roman Ford Coppola na produção.O que prova mais uma vez que o fruto não cai muito longe da árvore. Só às vezes.